Episódio 111: O II Concílio de Nicéia

22/06/2024

O II Concílio de Nicéia 

O II Concílio de Niceia, realizado de 24 de setembro a 23 de outubro de 787, foi convocado pela Imperatriz Irene em nome de seu filho, o Imperador Constantino VI. O concílio ocorreu em Niceia, na Bitínia, região que atualmente corresponde à cidade de İznik, na Turquia, e foi presidido por Tarásio, Patriarca de Constantinopla. O contexto histórico do concílio estava marcado pela controvérsia do iconoclasmo, um movimento que condenava o uso e a veneração de ícones religiosos, iniciado pelo imperador Leão III em 726. Essa controvérsia gerou uma intensa divisão na Igreja entre os iconoclastas, que destruíam ícones, e os iconófilos, que os veneravam. O objetivo principal do concílio era resolver essa disputa e restaurar a veneração de ícones na Igreja. Participaram do concílio aproximadamente 350 bispos e outros clérigos de todo o Império Bizantino. Representando a Sé de Roma estavam dois presbíteros enviados pelo Papa Adriano I. As deliberações do concílio centraram-se em discussões teológicas sobre a natureza e o papel dos ícones na liturgia e na fé cristã. Os iconófilos argumentaram com base na Encarnação de Cristo, afirmando que os ícones são legítimos porque Deus se fez visível em Jesus. Como resultado das discussões, o concílio afirmou a legitimidade da veneração de ícones, distinguindo claramente entre veneração (proskynesis) e adoração (latreia). Entre os cânones principais do concílio, destacam-se: a aprovação do uso e veneração de imagens de Cristo, da Virgem Maria, dos santos e anjos; a condenação das heresias iconoclastas e a excomunhão dos seus líderes; e a reafirmação da disciplina clerical e moral. O impacto do II Concílio de Niceia foi significativo. Ele marcou o fim do primeiro período iconoclasta na Igreja Bizantina e reforçou a unidade entre a Igreja do Oriente e do Ocidente. Além disso, estabeleceu bases importantes para a teologia dos ícones, influenciando a arte sacra cristã. O concílio reafirmou a tradição cristã de veneração de ícones como meio de ensino e devoção, destacando a importância da iconografia como expressão da fé encarnada. Em suma, o II Concílio de Niceia foi um marco significativo na história da Igreja, resolvendo a controvérsia iconoclasta e reafirmando a veneração de ícones. Seu legado perdura na liturgia e na arte cristã até os dias atuais.